terça-feira, 26 de maio de 2015

Prática ortomolecular: as dúvidas mais frequentes - Nutrologia e Ortomolecular Uberlândia

Dr. Daniella Costa (CRM-MG 52.344 - RQE 35.031)
Médica, clínica geral, nutróloga (titulada pela ABRAN, CFM, AMB) e que utiliza os preceitos ortomoleculares na sua prática clínica. 
Diretora científica da ASOMED (Associação de Médicos Ortomoleculares de GO/DF/MG);
Sócia da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN);
Sócia da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade (ABESO);
Sócia da Associação Médica Brasileira de Ortomolecular (AMBO);
E-mail: dellacosta6@hotmail.com
Instagram: @dradaniellacosta
Clínica Cais: Rua Bernardo Cupertino, 365. Uberândia - MG.
Fones (34) 3235-6371


Meu nome é Daniella Costa, sou médica, clínica geral,  especialista em Nutrologia pela ABRAN e utilizo na minha prática cotidiana os preceitos ortomoleculares. 

Atualmente atendo semanalmente no meu consultório particular em Uberlândia - MG.

Minhas condutas são criteriosas, calcadas em rigor científico, baseada em evidências científicas sólidas e primo pela transparência para com o meu paciente (paciente não é cliente). A prescrição de suplementos só é feita se houver real necessidade, assim como utilização de soros endovenosos (terapia injetável). Infelizmente a ortomolecular é um terreno cercada de preconceitos. Entretanto compreendo tal situação, visto que uma parcela dos praticantes agem de má fé, solicitando exames sem validação científica, prescrevendo medicamentosos endovenosos desnecessariamente e infringindo a resolução do CFM que regulamenta a prática ortomolecular. A maior prova disso são as denúncias e solicitação de orientação que a ASOMED recebe em seu site (http://asomed.webnode.com.br) semanalmente.

Não utilizo terapias com pouco respaldo científico, tais como os seguintes exames: Bioressonância, HLB, testes nutrigenéticos, dosagens salivares.

Sigo à risca a Resolução CFM Nº 1.938/2010 a qual o Conselho Federal de Medicina regulamenta prática ortomolecular, determinando o que é permitido dentro da nossa prática. Também não trabalho com modulação hormonal (terapia antienvelhecimento, hCG, prescrição de anabolizantes, Testosterona, DHEA, melatonina) já que tal prática é condenada pelo Conselho Federal de Medicina, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontrologia (SBG) e pela Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO). O parecer que proíbe a prática de modulação hormonal no Brasil está disponível aqui: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

Pode ser que o CFM esteja errado? Pode ser, mas legislação existe para ser cumprida e respeitada. Além disso, paciente meu não é cobaia, para que eu possa prescrever modalidades terapêuticas com pouco respaldo científico e sem aval das maiores sociedades médicas do mundo.

Como funciona o meu atendimento ? O que eu trato ?

Muitos me enviam e-mail ou perguntam via instagram/facebook como funciona a minha abordagem terapêutica e o que eu trato. Abaixo descreverei de forma sucinta o que ocorre dentro do consultório. Minha função como médica é olhar o paciente como um todo (abordagem holística) e tentar solucionar o seu problema (nenhum médico pode garantir resultados de acordo com o código de ética médica). O meu compromisso consiste em utilizar todo o meu conhecimento em prol do paciente.

Vejo o paciente como paciente e não cliente. Prezo pela ética e pela prática de uma medicina baseada em evidências. Portanto você jamais verá eu solicitando exames sem respaldo científico ou terapias proibidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Por mais que os benefícios de alguma terapia sejam provados. Sou da seguinte teoria: Legislação existe para ser seguida e respeitada. Ou seja, se a ANVISA e o CFM não autorizam, ela não deve ser praticada dentro território nacional até que seja liberada. Exemplos: ozonioterapia, procainoterapia, utilização de EDTA para fins que não seja de quelação, PRP, PRFC, modulação hormonal, terapia antiaging, uso de hCG para emagrecimento, utilização de anabolizantes com finalidade estética.

O paciente que tiver interesse em agendar uma consulta, deverá ligar na clínica Cais, (34) 3235-6371 e verificar a disponibilidade de horário com a secretária. 

Roteiro da consulta

A consulta é composta por 3 partes:
1 º - Anamnese: o paciente deverá relatar todos os sintomas que o trazem até meu consultório. Primeiro de forma sucinta, enumerando os problemas. Posteriormente esmiuçarei as queixas, uma a uma e realizando várias perguntas acerca dos sinais e sintomas. Solicito que se possível ja venha com todos os sintomas anotados em ordem cronológica de aparecimento. Quanto mais minuciosa a descrição, melhor é para o diagnóstico e tratamento.

2º - Exame físico: Aferição da pressão, Frequência cardíaca, Frequência respiratória e exame físico completo. Nos casos de emagrecimento ou ganho de massa magra é solicitada a Bioimpedância sempre que houver alteração de 3% do peso corporal.

3º - Solicitação de exames: solicitarei os exames que julgar necessário para comprovar as minhas hipóteses diagnósticas. Portanto são exames complementares ao diagnóstico. Sua realização é essencial e o retorno só será agendado, após o paciente realizar todos os exames.

Acho imprescindível salientar que não solicito os seguintes exames:
1) Bioressonância (não confundir com Bioimpedância, essa eu realizo no consultório),
2) Nerv express,
3) EIS Complex,
4) Teste de intolerância alimentar baseados em IgG ou IgG4,
5) HLB (exame da gota de sangue).

Exames e planos de saúde: a maioria dos exames (95%) são realizados pelos planos de saúde, exceto Mineralograma capilar e Bioimpedância (a Unimed cobre a Bioimpedância). Alguns planos não cobrem a Vitamina D, Selênio, Homocisteína. O mineralograma capilar não é para todos os pacientes que solicito, ele é solicitado apenas para pacientes com sintomas de intoxicação (crônica) por metais tóxicos. Não são todas as vitaminas e minerais que são dosados no sangue. Cromo, manganês, iodo, lítio, molibdênio, flúor, cobalto, germânio, boro, silício: são dosados apenas quando em excesso, ou seja, a sua dosagem habitual não tem utilidade clínica, pois 99% das vezes apareceram abaixo do limite inferior. As vitaminas B1, B2, B3, B5, B6, biotina, E, K, são dosáveis porém os métodos utilizados apresentam controvérsias. O que realmente é dosado na prática ortomolecular: Eletrólitos, Cálcio iônico e total, Magnésio, Zinco, Cobre, Selênio, Ferritina, Ferro, Vitamina A, B12 e ácido metilmalônico, Ácido fólico sérico e eritrocitário, Vitamina C no sangue e urina, Vitamina D (25-OH-Vitamina D).

Tratamento: Em meu tratamento não utilizo hormônios e ocasionalmente utilizo medicações de uso controlado. Opto por utilizar fitoterapia, correção de deficiência de nutrientes utilizando vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos graxos. Também utilizo muito, probióticos (principalmente através da alimentação). Caso seja necessário, utilizo alopatia e deixo claro para o paciente o porquê de não se optar por algo "natural". Sou da seguinte teoria: Jamais algo sintético será superior a algo natural. Portanto a suplementação deve ser mínima e apenas quando necessária. O médico que lida com ortomolecular tem obrigação de saber muito bem sobre biodisponibilidade de nutrientes e ensinar para o paciente as fontes destes (educação em saúde). Experiência própria, a adesão é infinitamente superior quando se opta por esse caminho. Riscos também são minimizados, já que nutrientes sintéticos podem aumentar a incidência de doenças cardiovasculares e câncer. Sou totalmente contra o uso de polivitamínicos, principalmente em uma região como o cerrado, no qual o solo é rico em determinados nutrientes (Cobre) e que podem ser deletérios quando em excesso.

Não trabalho com modulação hormonal, dieta hCG,  hidrocolonterapia, ozonioterapia, terapia antioxidante. Pelo contrário, abomino tais terapias e tenho argumentos fortes para isso. 
Tais práticas nao tem respaldo científico das maiores associações médicas brasileiras e nem do Conselho Federal  de Medicina(CFM).  

Modulação hormonal: É proibida pelo CFM baseado no parecer nº29/2012. O documento que proíbe pode ser acessado em http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/29_2012.pdf 
O CFM deixa explícito no seu site ( http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=23324:conselho-federal-de-medicina-proibe-o-uso-das-terapias-antienvelhecimento-no-pais&catid=3 ) que os médicos brasileiros que prescreveram terapias com o objetivo específico de conter o envelhecimento, práticas conhecidas como anti-aging ou modulação hormonal, estarão sujeitos às penalidades previstas em processos ético-profissionais. No caso de condenação, após denúncia formal, eles poderão receber de uma advertência até a cassação do registro que lhes a autoriza o exercício da Medicina. 
Segundo o parecer faltam evidências científicas que justifiquem a prática da medicina antienvelhecimento e modulação hormonal. Tal conclusão surgiu após uma extensa (mais de 5 mil artigos)  revisão de estudos científicos sobre o assunto, realizada pelo CFM em pareceria com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia ( http://www.endocrino.org.br/cfm-proibe-terapias-antienvelhecimento/ ), Sociedade Brasileira de Geriatria ( http://www.sbppc.org.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=2016&Itemid=26 ). 

A modulação hormonal virou moda no Brasil graças à divulgação de algumas celebridades e alguns médicos em redes sociais. Segundo a SBEM a prescrição de hormônios deve ser feita por endocrinologistas titulados e deve seguir  alguns critérios:  1) ter comprovação laboratorial da deficiência do hormônio (exame mostrando baixa quantidade do hormônio); 2) o paciente apresentar sintomas de deficiência do hormônio.  Portanto NÃO trabalho com modulação hormonal e não concordo com tal prática.

Dieta hCG: Não trabalho com a famigerada Dieta hCG. Tal dieta consiste em utilizar o hormônio que a grávida produz  em grande quantidade na gestação, aplicar intramuscular tal hormônio diariamente e submeter-se a uma dieta de 500kcal durante 40 dias.  Essa dieta tem parecer contrário das maiores sociedades médicas do mundo. No Brasil a Associação brasileira para estudos de obesidade (ABESO) assim como da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e metabologia, já se posicionaram contra e deixaram claro os riscos inerentes a tal terapia. O documento com tal posicionamento pode ser acessado no link a seguir: http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/81/555380d3325ce.pdf
Portanto não prescrevo tal dieta, não concordo. O tratamento para emagrecimento que prescrevo não utiliza hormônios, somente vitaminas, minerais, ácidos graxos (ômega 3), dieta que visa controlar o apetite, fitoterápicos (plantas).  Em alguns casos utilizo medicações alopáticas.

Hidrocolonterapia: Não trabalho com hidrocolonterapia. Discordo do método, acha muito agressivo e perigoso, pois remove as bactérias boas do intestino e há riscos de infecção intestinal.

Ozonioterapia: não trabalho com ozonioterapia já que é uma prática que tem um parecer contrário do Conselho Federal de Medicina. Apesar de achar a ozonioterapia uma terapia promissora, por ser uma terapia sem respaldo legal, não não utiliza.


Não indico farmácias de manipulação (a indicação é infração ética) mas oriento que o paciente tenha cuidado ao escolher as farmácias, nunca se orientando pelo preço. Reservo a manipulação apenas para prescrição de vitaminas, minerais e probióticos. Sempre que existir o mesmo produto porém na indústria farmacêutica, opto por ele, devido o controle de qualidade ser maior na indústria. Isso ocorre principalmente em fitoterápicos, ácidos graxos e probióticos.

Retornos

O prazo máximo de retorno é de 30 dias. 

NÃO atendo NENHUM PLANO DE SAÚDE:  Affego, Allianz, Amil, Ascefet,CAEME, Casbeg, Celgmed, Cnen, Comego, Comisam, Conab, Coop rodoviarios, Correios, Funbsmac, Funcef, Furnas, Fusex, Gama saúde, IMAS, IPASGO, Irmão soares, Life, Mediservice, Metago, NotreDame seguro saúde, Ortobom, Petrobras, Planmed, Proasa, Promed, SulAmerica, Unibanco Saúde, Unimed, Bradesco.

OBS: Teste de metabolismo basal, Avaliação física (dinamômetro, banco de wells, avaliação por plicometria), Mineralograma capilar e Bioimpedância não são cobertos por planos de saúde.

Sobre consultas:
1) Como ortomolecular não é especialidade médica reconhecida pelo CFM, nenhum plano de saúde dá cobertura (não cobre). Sendo que alguns planos (Unimed) possuem uma cláusula contratual na qual diz não dar cobertura para consultas ortomoleculares.
2) Os exames laboratoriais e de imagem (exceto mineralograma capilar) podem ser feitos pelo plano de saúde, de acordo com a resolução Consu 8 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O artigo 2° da Consu 8 afirma: Para adoção de práticas referentes à regulação de demanda da utilização dos serviços de saúde, estão vedados: VI - negar autorização para realização do procedimento exclusivamente em razão do profissional solicitante não pertencer à rede própria ou credenciada da operadora.
Portanto, não existe lei que obrigue o médico a manter vínculo com o plano de saúde, sendo uma questão de vontade própria. Logo, a regra determina que qualquer médico pode solicitar exames e procedimentos para pacientes que tenham plano de saúde, independente da vinculação ou não do profissional com o plano. Isso aumenta a liberdade de escolha do paciente em optar pelo médico de sua preferência, tendo ainda a possibilidade de fazer todos os exames pelo plano de saúde.
3) O prazo máximo de retorno é de 30 dias.

O que eu trato?
  • Obesidade infanto-juvenil e no Obesidade do adulto;
  • Desnutrição do adulto, da criança e do idoso;
  • Acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica;
  • Dificuldade para ganho de massa magra (adolescentes, adultos e idosos);
  • Sarcopenia (baixa quantidade de massa magra),
  • Osteopenia e Osteoporose do idoso e em jovens;
  • Anorexia nervosa;
  • Bulimia nervosa;
  • Vigorexia;
  • Ortorexia;
  • Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP),
  • Síndrome do Comer Noturno;
  • Aspectos nutricionais da ansiedade; depressão; insônia;
  • Intolerância à glicose e Diabetes mellitus tipo 2;
  • Dislipidemias: hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia;
  • Síndrome metabólica;
  • Esteatose hepática não-alcóolica (fígado gorduroso);
  • Alergias alimentares;
  • Intolerâncias alimentares (lactose, frutose);
  • Anemias carenciais (Ferropriva, por deficiência de B12, ácido fólico, cobre, zinco, complexo B, vitamina A);
  • Intoxicação crônica por metais tóxicos: Alumínio, Chumbo, Mercúrio, Arsênico, Cádmio com posterior quelação;
  • Deficiência e excessos de macronutrientes e micronutrientes;
  • Constipação intestinal (intestino preso);
  • Diarréia crônica;
  • Dispepsias correlacionadas à ingestão de alimentos específicos (má digestão);
  • Distensão abdominal crônica (gases intestinais);
  • Disbiose intestinal e Síndrome de Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO);
  • Síndrome do intestino irritável;
  • Fadiga crônica;
  • Fibromialgia (aspectos nutrológicos);
  • Acompanhamento nutricional pré-gestacional (preparo pré-gravidez), acompanhamento nutricional durante a gestação e amamentação;
  • TPM (causas ligadas a nutrientes);
  • Orientações nutrológicas para nefropata (insuficiencia renal aguda, doença renal crônica, cálculo renal),
  • Orientações nutrológicas para hepatopatas (insuficiência hepática, encefalopatia hepática, esteatose hepática),
  • Orientações nutrológicas para pneumopatas (Asma, enfisema, fibrose cistica, bronquite crônica, sindromes restritivas, cor pulmonale),
  • Orientações nutrológicas para cardiopatas (infarto agudo, insuficiência coronariana, insuficiência cardíaca, valvulopatias, arritimias),
  • Orientações nutrológicas para portadores de doenças autoimunes (artrite reumatóide, lúpus, hashimoto, psoríase, vitiligo);
  • Infertilidade (aspectos nutrológicos)

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Abaixo um material que preparei ha 6 anos sobre as dúvidas mais comuns acerca da ortomolecular e sobre minha prática.

A origem da ortomolecular

R: O prefixo Orto (Ortho) deriva do grego e quer dizer "correto", logo, Ortomolecular, ao pé da letra, significa "molécula correta". O termo foi cunhado em 1968 por um professor americano de química quântica e bioquímica chamado Linus Pauling (1901-1994). O mesmo era um cientista e criou esse termo inicialmente baseado em trabalhos randomizados e duplo-cegos do psiquiatra canadense Abrahan Hoffer, que conseguiu diminuir o tempo de internação de esquizofrênicos com o uso de doses elevadas de vitamina B3 (3g/dia). Linus Pauling foi prêmio Nobel por 2 vezes (Química em 1954 e da Paz em 1962) propondo que distúrbios mentais poderiam ser tratados pela correção de desequilíbrios ou deficiências de constituintes cerebrais tais como vitaminas e outros micronutrientes, como uma alternativa à administração de drogas psicoativas sintéticas.

No final da década de 60 passou a desenvolver a Bioquímica da Nutrição e na década de 70 extendeu o conceito Ortomolecular à medicina em geral, como sendo "moléculas certas em concentrações certas", caracterizando uma abordagem de prevenção e tratamento de doenças e alcançar a saúde baseada em ações fisiológicas e enzimáticas de nutrientes específicos, como vitaminas, minerais e aminoácidos presentes no organismo.

Linus Pauling é considerado o pai da Biologia Molecular.

Ortomolecular no Brasil

R: No Brasil temos dois principais pioneiros na medicina ortomolecular. Ambos pesquisadores renomados e que contribuiram para a popularização da Ortomolecular:

A) Prof. Dr. Hélion Póvoa é um dos maiores especialistas na área de nutrição e bioquímica do país. Foi ex-aluno de Linus Pauling e trouxe para o Brasil a ortomolecular. Membro titular da Academia Nacional de Medicina, pesquisador da Fiocruz e professor-visitante de Nutrição em Harvard. Tem mais de 400 trabalhos de pesquisa publicados no Brasil e no exterior. Inúmeros livros sobre ortomolecular.

B) Prof. Dr. José de Felippe Jr é também um dos pioneiros da ortomolecular (ou como o próprio denomina: Medicina Biomolecular) no Brasil. Fomou-se pela Santa Casa de São Paulo, tem doutorado em Fisiologia pela Universidade de São Paulo, PhD em Ciências , livre docente de Clínica Médica e Medicina Intensiva pela Universidade do Rio de Janeiro, fundador e Primeiro Secretário Geral da Associação de Medicina Intensiva Brasileira ( AMIB). http://www.medicinacomplementar.com.br/

A Medicina ortomolecular é uma especialidade médica?

R: Primeiramente não devemos utilizar o termo medicina ortomolecular, pois ela não é considerada uma especialidade médica, muito menos área de atuação. É reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como uma "prática médica" através da resolução 1.938 de 14/01/2010. Nessa resolução foram estabelecidos os seus limites e finalidades normatizando a sua prática por médicos no Brasil. O termo mais apropriado seria: estratégia ortomolecular/biomolecular. Ortomolecular e biomolecular são sinônimos. A resolução está disponível no site do próprio Conselho Federal de Medicina: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2010/1938_2010.htm
Por não ter uma base sólida e sim um agrupamento de conhecimentos bioquímicos associados à prática médica, é muito improvável que a ortomolecular se torne uma especialidade médica.

Evidências cientificas da eficácia da estratégia ortomolecular

R- Na atualidade não restam dúvidas que os fenômenos oxidativos (formação de radicais livres) exercem papel relevante na origem de uma vasta gama de patologias. Há vários trabalhos que mostram os benefícios da terapia antioxidante, assim como há outros que mostram que em determinadas situações a terapia é contra-indicada. Para citar um exemplo prático, o Estudo CARET mostrou que pacientes que fumavam tinham mais problemas, incluindo câncer de pulmão quando faziam ingestão de betacaroteno (sintético), deste modo resta óbvio que não devemos usar os carotenóides sintéticos em tabagistas.

Por isto é fundamental que ao procurar o auxílio de um médico com prática em ortomolecular, que esse médico tenha uma boa formação na área (pós-graduação) a fim de que ele possa avaliar quais as vantagens, limitações e riscos da ingestão de qualquer elemento que tenha interferência na saúde.

A busca da Ortomolecular deve ser feita no sentido de prevenção, de sentir-se melhor, de alcançar o bem-estar, de promover mudança de hábitos de vida e dos valores relacionados à saúde. A adoção de estratégias preventivas sempre se mostra muito mais promissora do que tratar um problema já instalado. Evidentemente que alguém que teve um Infarto do miocárdio ou Câncer já passou há muito tempo do estágio de prevenção e, neste contexto, menos pode ser feito pela prática ortomolecular (mas ainda assim muito pode ser feito, como por exemplo orientações sobre hábitos saudáveis de vida, correção de deficiências nutricionais, suplementação orientada, etc).

Como saber se o médico está apto a exercer a estratégia ortomolecular se não há disciplina de ortomolecular na grande dos cursos de medicina do Brasil?

R: No Brasil ainda existem poucos curso de ortomolecular, a maioria pós-graduações (2 anos) e são restritos a médicos. Os principais cursos são reconhecidos pelo MEC e no geral possuem um vasto conteúdo programático.

A opinião da ASOMED e de outras Associações de Médicos que atuam na prática, é que Ortomolecular é ciência e prática médica e necessariamente deve ser exercida única e exclusivamente por médico. Nutricionistas podem utilizar de algumas estratégias ortomoleculares, mas o ato de diagnóstico deve ser feito por médicos pós-graduados na área. A ortomolecular está para a medicina como a funcional está para a nutrição.

Portanto, antes de procurar um médico que atue na área, procure saber se o mesmo tem pós-gradução na área, se participa de associações médicas e se ele se atualiza constantemente. Ferramenta simples: Google. Digite o nome do médico no google acrescentado dos termos: currículo; currículo CNPQ, pós-graduado. Outra dica é entrar no site do próprio CNQP: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar e digitar o nome do médico, mas antes marque a opção: ( ) Demais pesquisadores (Mestres, Graduados,Estudantes, Técnicos, etc.)

É importante salientar, que nós, médicos com prática ortomoleculares não nos achamos superiores aos demais médicos ou demais profissionais da saúde, apenas temos habilidades diferentes e uma propedêutica diferenciada.

A consulta com abordagem ortomolecular

R: A consulta ortomolecular inicial dificilmente dura menos de 1 hora. Consiste basicamente em uma consulta médica como outra qualquer, composta de questionamentos sobre sinais e sintomas (anamnese), exame físico e, se necessário solicitação de exames complementares gerais e específicos e por fim instituição do tratamento.

O diferencial da ortomolecular muitas vezes é a questão do tempo gasto pelo médico e questionamentos feitos de forma mais holística. Enquanto um especialista geralmente fica restrito à área dele (e ele não está errado) o médico que atua na estratégia ortomolecular busca ter uma abordagem mais integrativa, enxergando o paciente como um todo. E é claro: isso demanda tempo.

Portanto, dificilmente médicos ortomoleculares atendem planos de saúde. Muitas vezes até atendem outras áreas por planos de saúde, solicitam os exames pelo plano de saúde, mas a consulta em si não é coberta pelo plano.

Lembre-se: desconfie de médicos que:
Auto-intitulam: Especialista em Medicina ortomolecular = Isso não existe.
Tomam condutas baseadas APENAS em exames que não possuem validação científica ou reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina. A clínica SEMPRE será soberana e isso é indiscutível.
Tomam condutas baseadas APENAS em dosagem sanguínea de minerais e vitaminas. Afinal, o sangue não reflete a realidade do tecido. Alguns minerais devem ser dosados ou via mineralograma capilar ou nos eritrócitos. Um bom médico tem conhecimento sobre quais minerais podem ou não ser dosados com confiabilidade no sangue. O mesmo vale para a maioria das vitaminas. A dosagem sanguínea reflete apenas o momento e pode não corresponder ao real status nutricional do paciente. Portanto, faz-se necessário a dosagem de alguns de seus metabólitos. Ex. Ácido metilmalônico para verificar deficiência de Vitamina B12...
Caso o seu médico intitulado ortomolecular solicite exames NÃO reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e/ou Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) , você deve estar ciente que ele não tem o direito de cobrar por eles (já que são complementares para auxiliá-lo em SUA análise) e que se assim agir poderá estar sujeito a denúncia e sanções por parte dos CRMs a que estiver subordinado.

O custo do tratamento ortomolecular

R: Existe um estigma de que o tratamento ortomolecular é um tratamento caro, porém se formos verificar tudo que é feito em um tratamento ortomolecular e seus reais benefícios, percebemos que a terapia na verdade é “barata”, tendo-se em vista a boa relação final de custo-benefício.

O preço da consulta é justificado pelo tempo que o médico ortomolecular gasta com o paciente, geralmente com avaliação inicial de no mínimo 1 hora (vale ressaltar que o acompanhamento do paciente é feito em consultas de retorno que habitualmente também duram uma hora ou mais).

Os exames na maioria das vezes são os tradicionais e a grande maioria é coberta pelos planos de saúde. Já o tratamento em si, como é personalizado, às vezes sai caro. Mas varia de paciente pra paciente: quanto mais hábitos saudáveis de vida, quanto melhor a alimentação, menos o paciente precisará gastar. Portanto, o “caro” é relativo. Se o paciente insiste em manter hábitos de vida ruins, não quer se alimentar de forma equilibrada (ingerindo doses mínimas de vitaminas, minerais e boas gorduras) com certeza a formulação sairá cara. É dever do médico praticante de ortomolecular estimular a aquisição de nutrientes via alimentação e não via suplementos.

Fala-se muito em radicais livres e que a ortomolecular visa combater a formação deles. O que são os radicais livres?

R: Cerca de 95% do oxigênio proveniente da respiração é neutralizado pela cadeia respiratória celular, onde acaba seu ciclo metabólico, sendo transformado em água. Os 5% de oxigênio restantes são transformados nos Radicais Livres que, se não forem adequadamente eliminados ou se estiverem sendo formados em excesso, podem vir a ser prejudiciais para o organismo humano, provocando uma condição patológica chamada de Stress oxidativo. Mas lembre-se que os radicais livres também podem ser benéficos para o corpo, pois auxiliam nas defesas do sistema imune.

Esse stress oxidativo pode ser causado por anomalias genéticas dos órgãos de defesa, e também por fatores ambientais, como por exemplo: o tabagismo, a radiação, excesso de atividade física, intoxicações metálicas, ingestão de gorduras animais, frituras, carne vermelha, inflamações e infecções, consumo abusivo de álcool, stress físico e mental, etc.

Hoje em dia a medicina sabe que várias doenças têm sua origem vinculada à ação dos Radicais Livres, como por exemplo: Câncer, Aterosclerose, Artrites, Catarata, Enfisema Pulmonar. Outras doenças pioram sua evolução na presença de excesso de Radicais Livres como: Infecções graves, Diabetes, Mal de Parkinson, Doença de Alzheimer, Enfermidades neurológicas desmielinizantes (Esclerose lateral amiotrófica).

Mas será que precisamos deliberadamente tomar medidas para combatê-los? As espécies reativas de oxigênio (EROs) são produtos naturais dos processos oxidativos que ocorrem em nossas células, nas mitocôndrias. Portanto, produzir energia implica em produzir radicais livres, e não há como evitar tal produção. Uma vez que os músculos produzem muita e são dotados de muitas mitocôndrias, eles acabam sendo um dos principais locais de produção das EROs. O problema é que, dentro das mitocôndrias, existe muito DNA, que pode sofrer danos. Outro problema é que as mitocôndrias se renovam e, para tanto, precisam copiar o material genético (DNA) das mitocôndrias já existentes. Se o DNA já estiver danificado, a cópia conterá os danos anteriores, os que se somarão aos novos danos. O resultado desse acúmulo de danos ao DNA ao longo do tempo é a diminuição da função da mitocôndria. Em outras palavras, ao longo do tempo (leia-se envelhecimento), ocorre um acúmulo de danos ao DNA mitocondrial, os quais resultam em diminuição da capacidade de produzir energia. Essa é a base da teoria do envelhecimento mitocondrial e, não ao acaso, ao envelhecer, perde-se progressivamente sua capacidade de produzir energia e de realizar exercícios que dependem do metabolismo aeróbio. Por esse mesmo motivo, o combate aos radicais livres promete efeitos “antienvelhecimento”.

Estudos mais recentes tem demonstrado que a ingestão de antioxidantes naturais mostra-se benéfica para a maioria das patologias que tem o estresse oxidativo como componente da fisiopatologia. Mas a maioria dos estudos mostram que a suplementação com antioxidantes sintéticos falham ao tentar minimizar esse estresse oxidativo. Muitas vezes sendo mais deletério do que benéfico. Há um fino equilíbrio entre nossos antioxidantes, sendo assim muitas vezes os nossos antioxidantes endógenos podem se tornar pró-oxidantes.

A corrente que sigo na ortomolecular, evita ao máximo a prescrição de antioxidantes, justamente por acreditar que eles não sejam tão deletérios como propagados, além disso, por estudarmos biodisponibilidade de nutrientes, sabemos que uma infinidade de antioxidantes são facilmente obtidos através de uma alimentação variada e equilibrada.

O médico que se auto-intitula como praticante da estratégia ortomolecular deve estar apto a realizar quais procedimentos ?

R: Na estratégia ortomolecular/biomolecular o médico deve estar apto a :

1 - Descobrir quais nutrientes essenciais estão faltando ou em excesso;

2 - Diagnosticar se existem metais tóxicos no organismo;

3 -Verificar se o sistema endócrino e sistemas de absorção, metabolização, excreção estão dentro da normalidade;

4 - Diagnosticar se existe intolerância ou alergia alimentar;

5 - Conhecer e orientar sobre hábitos saudáveis de vida a todos os pacientes.

Modos de ação da ortomolecular

R: Existem 3 maneiras (modos) do tratamento ortomolecular agir:

1) Modo PREVENTIVO: através de diagnósticos cada vez mais precoces, detectando alterações metabólicas subclínicas (antes do surgimento das doenças propriamente ditas), utilizando-se do tratamento Ortomolecular que visa o equilíbrio global do indivíduo, dando-lhe condições de manter-se sadio ou, diante de doenças, obter melhor resposta à terapêutica específica empregada. Os exames por nós utilizados incluem: exames de imagem, exames laboratoriais, mineralograma capilar. Exames como a Bioressonância (Vegatest), muito utilizada por alguns ortomoleculares, não possuem validação científica perante a ANVISA e por isso alguns ortomoleculares mais céticos não os utilizam.

2) Modo SISTÊMICO: atua na avaliação diagnóstica de todos órgãos e sistemas, analisando a inter-relação e interdependência entre eles e nos tratamentos nutricionais celulares, através de suplementação com nutrientes indispensáveis ao organismo ou retirando substâncias em excesso ou tóxicas, como metais pesados.

3) Modo INTERATIVO: atua na inter-relação dos sistemas humanos com os sistemas ambientais, visto que estamos dentro de uma grande teia em que os sistemas interagem: homem/natureza; homem/animais, homem/alterações climáticas, homem/poluições, etc.

Os nutrientes da ortomolecular

R: Todas as células do corpo produzem energia com a finalidade de fabricar vários tipos de moléculas necessárias para o seu bom funcionamento. Nesse processo de produção de energia e síntese de substâncias que mantém o equilíbrio, uma parte do substrato para ativar esse processo é composto por substâncias que o próprio corpo sintetiza. Mas cerca de 48 substâncias (também importantes para o processo) o corpo não consegue sintetizar e para isso é necessário que venha através da alimentação e respiração.

Tais substâncias são denominadas de "Nutrientes Essenciais" e portanto o organismo deve recebê-las já prontas do meio externo. Isto quer dizer que necessitamos de um aporte nutricional adequado, em elementos essenciais, e não é difícil compreender que a falta de um ou mais desses elementos prejudicará o funcionamento das células e, conseqüentemente, do organismo como um todo.

Os 48 nutrientes essenciais que devem ser recebidos do meio externo:

Aminoácidos: 1-Histidina; 2-Leucina; 3-Isoleucina; 4-Valina; 5-Lisina; 6-Metionina; 7-Fenilalanina; 8-Treonina; 9-Triptofano

Ácido Graxo essencial: 10-Ácido linoléico

Vitaminas: 11-Tiamina (B1); 12-Riboflavina (B2); 13-Niacina (B3); 14-Piridoxina (B6); 15-Ácido fólico (B9); 16-Cobalamina (B12); 17-Ácido pantotênico (B5) ; 18-Biotina; 19-Ácido para-amino-benzóico (PABA); 20-Inositol; 21-Colina; 22-Ácido ascórbico (C); 23-Retinol (A); 24-Calciferol (D); 25-Alfa tocoferol (E); 26-Menadiona (K)

Sais minerais: 27-Sódio; 28-Potássio; 29-Cálcio; 30-Fósforo; 31-Magnésio; 32-Manganês; 33-Ferro; 34-Cobre; 35-Zinco; 36 - Selênio; 37 - Cromo; 38- Iodo; 39 - Enxofre; 40 - Lítio; 41 - Boro; 42 - Flúor; 43- Vanádio; 44- Molibdênio; 45-Ácido lipóico; 46-Bioflavonóides (rutina, hesperidina, quercetina)

Outros: 47-Água, 48-Oxigênio

Na nossa terapêutica utilizamos diversas dessas substâncias. O papel das vitaminas, aminoácidos, ácidos graxos, enzimas e minerais, na terapêutica tem sido revisto, graças aos estudos estimulados pelo uso dessas substâncias na prática clínica e descobertas da pesquisa básica. O ortomolecular genuíno não utiliza nenhuma outra substância além dessas. Portanto hormônios NÃO fazem parte do arsenal da ortomolecular, assim como antioxidantes sintéticos.

Mas como saber o que está faltando no organismo? Uma anamnese completa (história do paciente bem colhida, idealmente por no mínimo 1 hora), exame físico e alguns exames (especiais, por exemplo o Mineralograma - exame do fio do cabelo - que detecta metais tóxicos que não deveriam ser encontrados no organismo e necessitam ser retirados), como dosagens de metabólitos de vitaminas e ácidos graxos para diagnosticar se há necessidade de repor tais substâncias.

Exames utilizados na prática ortomolecular

R: Varia de médico pra médico. No geral utilizamos:
1 - Exame clínico (anamnese e exame físico)
2 - Exames laboratoriais: exames de sangue (bioquímicos, hormônios, enzimas), fezes, urina;
3 - Exames de imagem: Raio X, Ultrassonografias, Tomografias, Ressonâncias;
4 - Mineralograma capilar.
5 - Bioimpedância (não confundir com Bioressonância)

Existem alguns exames não-convencionais que alguns ortomoleculares utilizam, mas que não são obrigatoriamente “da ortomolecular”. Não os utilizo, mas vários colegas utilizam. Os principais são:
2) HLB (microscopia de campo claro e escuro, que é o exame da gota de sangue colhida na hora),
3) Biorressonância (Vegatest),
4) Nerve express,
5) Termografia
6) ES complex
7) Testes nutrigenéticos
8) Testes de intolerãncia alimentar baseados em IgG e IgG4

Mineralograma capilar

R: Mineralograma consiste na dosagem de minerais em algum tecido do corpo. Mineralograma capilar ou popularmente chamado “exame do Fio de cabelo”, consiste na dosagem de minerais no cabelo. É utilizado nos Estados Unidos há mais de 30 anos e liberado pelo Conselho Federal de Medicina.

Este exame é um método rápido, eficiente e indolor para saber como vai sua saúde, proporcionando uma orientação médica com muito mais segurança. Seu cabelo contém todos os minerais presentes em seu corpo, e o mineralograma mede se há excesso de metais tóxicos. Alguns médicos extrapolam e acreditem que a matriz capilar sirva para verificar o status nutricional, ou seja, acreditam que sirva para dosar a quantidade de minerais. O Conselho Federal de Medicina veta a sua utilização com essa finalidade. Seu uso é única e exclusivamente para detecção de metais tóxicos.

Não adianta o paciente por conta própria solicitar o mineralograma, pois existe toda uma interpretação. Por exemplo, se um mineralograma apresenta Boro aumentado, não necessariamente esse Boro está aumentado, pode estar ocorrendo uma desmineralização óssea e com isso o Boro desloca-se do Osso e vai para outros tecidos, dentre eles o tecido capilar. Portanto, é fundamental que o médico seja o responsável pela solicitação e interpretação.

Com relação à coleta, o paciente precisa fornecer uma amostra de seu cabelo. Esta deve se retirada na região da nuca ou occipital (da raiz, até 3cm). Uma amostra de +- 1g, que não contenha tintura, permanentes, gel, condicionadores e tratamentos químicos afins. O paciente é orientado a fazer um preparo para a coleta, que irá variar de semanas a meses caso o mesmo utilize tinta ou qualquer produto químico que possa alterar o exame

Tratamento endovenoso

R: Este tratamento é chamado de desintoxicação. Serve fundamentalmente para eliminar metais pesados como Chumbo, Alumínio e Mercúrio que podem causar uma série de problemas clínicos. Em alguns casos, é utilizada terapia venosa para suprir deficiências nutricionais impostas por algumas moléstias.

Deve-se ter em mente que este tipo de tratamento é selecionado para casos isolados onde existe a comprovação da intoxicação e uma correlação clínica pelos referidos metais pesados. Não é algo feito de rotina na prática ortomolecular; entretanto, isso varia de médico pra médico. Pacientes que desejam resultados mais rápidos optam por reposição de vitaminas e sais minerais por via endovenosa. Porém, a terapia endovenosa não substitui a dieta e terapia via oral.

Uma situação muito comum é: pacientes chegam ao consultório com alterações no trato digestivo (em especial a Disbiose intestinal), sendo assim a muitos dos nutrientes prescritos via oral, dificilmente serão absorvidos naquele momento. O médico então inicia um tratamento para melhora do status intestinal e paralelamente prescreve alguns nutrientes endovenosos. Mais adiante quando o paciente já apresenta uma melhora, mantemos apenas a terapia via oral e dieta.

Outra situação comum: deficiência de vitamina D. Como o paciente apresenta sintomatologia devido aquela deficiência e o uso diário via oral da Vitamina D3 pode demorar a restabelecer os níveis adequados da 25-Hidroxi-vitamina D, optamos por prescrever injeções intramuscular semanais por 1 mês... posteriormente deixamos apenas a dose via oral.

Estratificando a produção de radicais livres

R: São vários os fatores que aumentam os radicais livres. Para citar alguns: tabagismo, poluição atmosférica, poluição do solo, poluição da água, uso de agrotóxicos, poluição eletromagnética, sedentarismo, dietas pro-inflamatórias, estresse crônico, doenças degenerativas, entre outros. A mensuração no organismo pode ser feita por vários métodos, sendo os mais comuns:

1 - Dosagem de radicais livres no sangue por quimioluminescência;
2 - Dosagem de de MDA (Dialdeído malônico ou Malondialdeído) na urina: o MDA consiste em uma substância que aumenta na vigência de uma reação chamada lipoperoxidação, ocasionada por radicais livres;
3 - Dosagem de enzimas antioxidantes tais como: Glutation peroxidase, Superóxido dismutase e Catalase;
4 - Dosagem de substâncias antioxidantes como vitaminas (A, C, E, Betacaroteno, ácido fólico, B12); na verdade, dosamos os seus metabólitos e quando estes estão baixos, subentendemos que está ocorrendo uma baixa ingesta ou então utilização excessiva, possivelmente a fim de neutralizar a ação de radicais livres;
5 – HLB, que consiste em um exame por meio da análise de uma gota de sangue, extraída do paciente na hora da consulta e avaliada através de microscópio óptico de alta resolução. Tal exame é proibido pelo CFM.

Caso os níveis de radicais livres estejam fora dos níveis fisiológicos, dependendo de cada caso, será feita a reposição dos antioxidantes necessários através da alimentação. Muitas vezes inicialmente começamos apenas com mudança de hábitos de vida e reestruturação dietética.

Ação antienvelhecimento

R: Muitos pacientes acreditam que ingerindo vitaminas, minerais e antioxidantes, terá um retardo no seu envelhecimento. Isso é um erro. Antes de qualquer intervenção terapêutica, devemos olhar os hábitos de vida dos pacientes, com estímulo à adoção e manutenção de hábitos saudáveis de vida e correção dos “errados”. Devemos fazer uma avaliação nutricional para um melhor balanceamento da alimentação, controle médico periódico e melhora do estilo de vida com medidas para redução de fatores pró-radicais livres. Para termos um envelhecimento saudável e evitar o surgimento de doenças, vários fatores devem ser considerados, entre eles o fator genético. É uma falácia achar que tomar vitaminas seja o "elixir da juventude" e além disso nenhum médico deve prometer resultados a pacientes. O médico que promete resultados está infringindo o código de ética médica, pois a medicina é um contrato de meios e não de fins (resultados).

Ortomolecular é pra quem ?

R: Qualquer um pode se beneficiar da estratégia ortomolecular, desde aquelas pessoas que querem prevenção até aquelas que têm alguma patologia a ser tratada. Não existe idade ideal para se procurar um médico que trabalhe com medicina preventiva ou estratégia ortomolecular. Quanto antes procurar, melhores serão os resultados, pois a natureza principal deste tipo de tratamento é evitar as moléstias e não esperar que elas surjam para depois tratá-las.

Dieta ortomolecular

R: Não existe dieta ortomolecular, sendo um insulto ao bom senso aceitar que tomando vitaminas a pessoa eliminará quilos. O Médico, claro, irá dar estímulo à reeducação alimentar, ingestão adequada de água e prática diária de atividade física. A ortomolecular pode auxiliar nos casos em que existam alterações laboratoriais como: alteração tireoideana (hipotireoidismo), hiperinsulinismo (aumento da insulina) ou resistência insulínica, compulsão por determinados grupos alimentares em decorrência de alterações nos neurotransmissores, dificuldade de exercitar-se devido fadiga crônica, etc.

Atividades físicas, são imprescindíveis na estratégia ortomolecular ?

R: São indispensáveis em qualquer tratamento médico que assim os requeira ou permita. Os efeitos benéficos do exercício vão muito além da redução do peso: proteção cardiovascular, ganho de massa muscular, sensação de bem-estar, melhoria na qualidade de vida, redução da pressão arterial e da frequência cardíaca, liberação de endorfinas, melhora na qualidade do humor, etc. Lembre-se que a mudança deve ser do estilo de vida! Estes exercícios devem ser iniciados, no caso dos sedentários, de modo gradual, após avaliação adequada, evitando-se assim riscos desnecessários

Os alimentos não são capazes de nos fornecer as vitaminas de que precisamos?

R: Há controvérsias. Na teoria alguns especialistas afirmam que somente com uma dieta equilibrada podemos alcançar as quantidades mínimas de nutrientes. Mas na prática percebemos que isso é improvável muitas vezes, mas não impossível. Por que alguns ortomoleculares são a favor da suplementação:

1 - Uma alimentação bem equilibrada pode ser muito difícil nos dias de hoje. Vejamos as recomendações: até 5 frutas por dia, 8 porções de vegetais, peixes com freqüência, leguminosas, cereais integrais, diferentes tipos de azeites, não cozinhar demais os alimentos, mastigar bem e devagar.... difícil não é?

2 - O nosso solo já não é tão rico quanto o solo de antigamente, obviamente, e como conseqüência os alimentos não são tão nutritivos como eram antes, principalmente devido à monocultura, falta de rotatividade do solo.

3 - O excesso de agrotóxicos, encontrado na maioria dos alimentos, especialmente as frutas e vegetais, também diminui o valor nutricional dos alimentos, além de ser prejudicial ao nosso organismo. Existem inúmeros estudos mostrando os malefícios do consumo de produtos que contém agrotóxicos.

4 - Uso de antibióticos e promotores de crescimento nos animais, favorecendo uma alteração na composição protéica dos animais (associe-se a isso a carne bovina contendo mais gordura devido o confinamento dos animais).

5 - Por conta do excesso de stress, poluição e a vida corrida, nosso organismo também não é mais o mesmo... nosso intestino e estômago estão em constante estado de desequilíbrio o que faz com que não consigamos digerir e absorver completamente as vitaminas e minerais dos alimentos. Além disso, devido à maior produção de radicais livres, precisamos de mais antioxidantes: NÃO antioxidantes isolados, mas um conjunto de antioxidantes (já que eles trabalham em sinergia).

Tudo isso associado ao abuso de alimentos industrializados leva a uma desnutrição subclínica, um enfraquecimento do organismo, que não é visível até surgirem doenças. Portanto, na opinião de uma grande maioria dos médicos que atuam na estratégia ortomolecular, a suplementação PERSONALIZADA faz-se necessária. Porém, somente deve ser feita por profissional habilitado, sendo que as doses utilizadas devem respeitar os limites de segurança (por exemplo a Noael - Nível de efeito adverso não observado). A isso denominamos de suplementação racional. Só se suplementa aquilo que é comprovado laboratorialmente que há deficiência. A suplementação às cegas é iatrogênica. É inadmissível o uso de polivitamínicos sem acompanhamento.

Como dito acima, é difícil conseguir todos os nutrientes mas não impossível. O médico que utiliza os preceitos ortomoleculares deve sempre focar na dieta do paciente e na manutenção de hábitos salutares de vida, a fim de diminuir a espoliação ou não absorção de nutrientes.

Vitaminas engordam?

R: Não, vitaminas não geram calorias; o que pode ocorrer é algumas delas restaurarem o apetite mas, nestes casos, é a ingestão errônea de outros alimentos que levará ao ganho de massa gorda.

Como funciona a consulta ?

R: A consulta é como qualquer consulta médica normal, anamnese minuciosa, exame físico, postulação de prováveis diagnósticos e solicitação de exames complementares para elucidar o diagnóstico. No retorno uma nova anamnese (re-anamnese que denomino), checagem dos exames solicitados, prescrição terapêutica, podendo esta ser composta apenas por mudanças de hábitos de vida e/ou de medicamentos (alopáticas, ou fitoterápicos, vitaminas, minerais, ácidos graxos, antioxidantes).

OBS:
Não solicito exames não convencionais: HLB, Bioressonância.
Se você tem plano de saúde, poderá fazer os exames por ele baseado na resolução da ANS denominada CONSU 8.
Não prescrevo hormônios (GH, testosterona, Estradiol, hCG, DHEA, Esteróides anabólicos androgênicos).

Qual o tempo do retorno ?

R: O retorno deverá ser feito assim que os exames ficarem prontos, não ultrapassando o período de 30 dias. Após esse período é cobrado o valor de uma nova consulta.

A senhora utiliza quais exames na estratégia ortomolecular ?

R: Na minha pós-graduação em estratégia ortomolecular tivemos aula sobre vários métodos porém a maioria dos nossos professores foram unânimes quando o assunto era exames. Fico restrita a exames laboratoriais convencionais, exames de imagem, dosagem de minerais através do mineralograma capilar (exame do fio de cabelo), para mais informações ler o texto: http://www.ecologiamedica.net/2010/09/mineralograma-capilar.html

Por que o senhora não utiliza a bioressonância ?

R: Porque após alguns anos lendo sobre ele, fazendo curso e comprando livros sobre ele, solicitando para alguns pacientes e inclusive solicitando pra mim (inúmeras vezes) vi que era um exame que não atendia minhas expectativas.

Não encontrei artigos científicos com evidências robustas para a sua solicitação. É um exame que depende do operador (quem executa o exame) e necessita de um ambiente sem poluição eletromagnética (algo difícil hoje em dia).

As alergias alimentares diagnosticadas por ele são infundadas (pesquisei isso na prática clínica, consultei 2 alergistas e a vice-presidente da ASBAI), metais tóxicos diagnosticados não correspondiam aos encontrados no mineralograma que eu solicitava (e isso foram mais de 100 vezes). Então parei de solicitar.

Quem tiver dúvida procure artigos científicos de pesquisas bem embasadas, buscando validar o método como científico. Na maior base de dados do mundo, a Pubmed (http://www.pubmed.com/) há pouquíssimos artigos sobre o tema.

Não confundir bioressonância com bioimpedância, essa eu solicito com frequência, por ser uma ferramenta extremamente útil nos processos de emagrecimento, tratamento para ganho de massa magra e etç.

Adaptado de: Dr. Frederico Lobo - www.ecologiamedica.net 

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